Informação: "A psicologia das massas" - Gustave Le Bon

Gustave Le Bon foi médico francês, antropólogo, psicólogo, sociólogo. Ele é considerado o fundadore da "psicologia das massas", um ramo da psicologia social e foi um dos primeiros a elaborar uma teoria sistemática.

Gustave Le Bon nasceu em 1841 na Nogent-le-Rotrou (França). Formou-se como médico, mas dedicou a maior parte de sua vida ao estudo da Sociologia, da Psicologia, da Física e da Antropologia. 

Foi um dos primeiros a colocar as seguintes perguntas e elaborar uma teoria: Como é possível as pessoas se entusiasmar por certas ideias e porque se deixam levar por certas  políticas e agarrando-se a certos líder?


Em 1870 a cidade Paris é sitiada pelas tropas prussianas. Gustave Le Bon, de 28 anos, é médico num hospital militar e é testemunha de soldados dispostos de ir para a guerra, não só por sentido de dever, mas preparados para fazer grandes sacrifícios e também por entusiasmo. 

25 anos depois, em 1985, Le Bon publica a sua obra mais famosa “Psychology of the Masses” ("Psicologia das massas") e fundou um novo ramo da psicologia social que teve uma grande influência na sociologia e psicologia.

Embora algumas teses de Le Bon estejam desactualizadas, outras tornaram-se surpreendentemente actuais na era dos meios de comunicação de massa. Le Bon não conheceu o fenômeno da Internet, mas suas declarações não são apenas atemporais, mas prospectivas.

Alguns pontos centrais do livro "Psicologia das massas"

A multidão (a massa) forma um próprio organismo e uma alma de comunidade

O termo "massa" no sentido psicológico surge sempre onde as pessoas se juntam. Independentemente das características dos membros, tais como nacionalidade ou nível de educação pessoas simples ou pouco instruídas, as características essenciais de uma massa são sempre as mesmas.

A massa é uniforme e engole o indivíduo e sua consciência como um ser provisório, que consiste em elementos heterogêneos que se conectaram no momento, exatamente como as células de um organismo formam um novo ser com suas propriedades completamente diferentes das células individuais. 

Desse organismo de massa surge uma alma de comunidade que é controlada pelo inconsciente coletivo, por um cérebro-tronco que une a massa. Isto é porque a favor de uma atitude comum do grupo, o indivíduo será mais disposto de desistir da sua personalidade e da sua opinião. O grupo pensa, sente e age de forma diferente de cada membro individual. Isto deve-se ao facto de que nas massas não é tanto a mente mas sim os sentimentos e o inconsciente que entram em jogo.

As massas são fáceis de influenciar

As massas são fáceis de influenciar porque reagem espontaneamente e sem pensar a estímulos externos. Cada palavra cria imagens. Estes são semelhantes para todos os envolvidos, e é por isso que as metáforas coletivas funcionam tão bem. Imagens que todos conhecem e que simplificam o mundo tanto quanto possível. Desejos e atitudes são facilmente transmitidos nas massas; o efeito é comparável à hipnose.

Numa democracia, portanto, as inovações técnicas e outros avanços são difíceis de implementar. Tal como as pessoas como parte de uma massa são mais capazes de crime, também elas estão mais dispostas a sacrificar e a fazer actos heróicos quando estão sob a influência das massas. Isto é especialmente verdade quando se trata de religião, honra ou da pátria. Todas as guerras e cruzadas são testemunho disso.

As emoções são contagiosas e as massas tendem a falsas observações e alucinações colectivas

Le bon formulou a teoria do contágio de emoções em que afirma que uma multidão exerce uma influência hipnótica sobre seus membros onde um infecta um outro com emoções. Protegidos por anonimidade, as pessoas abandonam sua responsabilidade individual e cedem às emoções contagiosas da massa. Os sentimentos mutáveis ​​da multidão são orientados na mesma direção. Nesse estado as pessoas podem ser conduzindas facilmente para irracionalidade ou até para mesmo ações violentas.

Uma alteraçao entre alegria e medo, que pode ser descrita como uma histeria colectiva, marcam o ritmo das massas, sejam elas organizadas formal ou informalmente. Essas emoções estão mudando constantemente. São os efeitos negativos e positivos que alimentam a alegria, o ódio, a raiva, o sofrimento. Tudo acontece em um nível coletivo e é altamente contagioso.

As falsas observações e alucinações poden ser explicados pelo facto de uma massa estar frequentemente num estado de expectativa. Se um indivíduo supostamente observa algo, a sua atitude é transferida para que todos acreditem fazer a mesma observação. Desta forma, as visões colectivas podem ser explicadas.

Na sua inteligência, as pessoas podem ser muito diferentes, mas nos seus sentimentos são muito semelhantes, pelo menos dentro de um povo. Uma vez que uma massa pode ser guiada por emoções, não pode tomar decisões particularmente inteligentes. Na massa, o indivíduo permanece anónimo; por conseguinte, tende a fazer coisas que de outra forma nunca faria. Sente-se mais poderoso do que o habitual e depois comete crimes que nunca teria a coragem de fazer sozinho.

Em vez do debate intelectual diferenciador, as massas só conhecem sentimentos fortes; só podem aceitar uma atitude absolutamente ou rejeitá-la de forma igualmente absoluta.

A massa procura sempre um lider

No fundo as pessoas querem ser dominados, preferem governantes rigorosos e procuram um líder. Além disso, as massas gostam de se agarrar à tradição e não estão muito entusiasmadas com mudanças.

Os líderes são pessoas enérgicas, inspiradas por uma ideia e com uma forte vontade e bons oradores. O seu entusiasmo pode ser uma insanidade.

Le Bon: “Muitas vezes o líder foi liderado. Ele próprio havia sido hipnotizado pela ideia de que mais tarde se tornou apóstolo. ”

Le Bon caracteriza sem ironia como "meio loucos" e "verdadeiramente convencidos"; pois só aqueles que estão convencidos são os que verdadeiramente convencem.

Influenciam as massas, fazendo declarações infundadas e repetindo-as até se entrincheirarem no inconsciente das massas.

Um líder deve ter um nimbus, ou seja, um carisma especial com o qual cativar as massas. As pessoas com um nimbus adquirido são frequentemente encontradas: são adoradas porque têm uma reputação especial através da sua origem ou sucesso. Mas há também pessoas que, independentemente da sua posição ou educação, têm uma auréola pessoal com a qual influenciam outras pessoas. Entre eles estão muitos fundadores de religião ou líderes políticos influentes. Uma auréola desaparece assim que é questionada e discutida ou quando o seu portador já não tem sucesso.

1 comentário:

  1. Sugiro também a leitura do livro "Psicologia de massas do fascismo" de Wilhelm Reich.

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