Informação: Estudo sobre deslocamento causado pelas guerras após 11 de Setembro 2001 dos Estados Unidos

Os atentados do 11 de setembro de 2001 completam hoje 19 anos. Um estudo cientifico tem analisado as consequências das guerras dos EUA desde 2001. Os números apresentados são simplesmente chocantes.

O estudo cientifico da Brown University de Rhode Island, EUA, foi recentemente publicado com o título: Creating Refugees: Displacement Caused by the United States’ Post-9/11 Wars (Criação de Refugiados: Deslocamento Causado pelas Guerras Pós-11 de Setembro dos Estados Unidos).


A seguir alguns dados sobre os quais os meios de comunicação relatam surpreendentemente pouco ou nada. Convido expressamente todos a darem uma vista de olhos ao estudo, porque eu só posso dar aqui uma breve visão geral e umas conclusões que se podem resumir da seguinte forma:
  • As guerras dos EUA após o 11 de Setembro deslocaram no mínimo 37 milhões de pessoas no Afeganistão, Iraque, Paquistão, Iémen, Somália, Filipinas, Líbia e Síria. Isto excede o número de pessoas deslocadas em todas as guerras desde 1900 (com excepção da Segunda Guerra Mundial). Os 37 milhões é uma estimativa muito conservadora. O número total de pessoas deslocadas pelos EUA em guerras após o 11 de Setembro 2001 poderá ser mais próximo de 48 a 59 milhões.
  • Milhões mais foram deslocados por outros conflitos após 11 de Setembro 2001 envolvendo tropas dos EUA no Burkina Faso, Camarões, África Central, República do Chade, República Democrática do Congo, Mali, Níger, Arábia Saudita, e Tunísia, entre outros. 
O estudo aborda uns países individuais:

O estudo observa que a invasão soviética do Afeganistão em 1979 proporcionou 5,6 milhões de refugiados no país. Um facto surpreendente é que a situação melhorou sob o regime talibã nos anos 1990. No início da guerra dos EUA no Afeganistão 4,4 milhões de afegãos continuavam a fugir ou a procurar asilo noutros países. Desde o início da guerra americana, no entanto, 2,1 milhões fugiram do país, mais 3,2 milhões de refugiados internos.

Os relatórios da Universidade confirmaram 336 ataques no Iémen com drones americanos entre 2002 e 2019, nos quais, além dos militantes a quem os ataques foram dirigidos, foram mortos entre 1.020 e 1.389 civis "incluindo crianças". 

Além disso, segundo o estudo, 80% (24 dos 30 milhões) dos habitantes do Iémen necessitam de ajuda humanitária e há mais de 4 milhões de pessoas deslocadas internamente no país. A razão: A "guerra da Arábia Saudita apoiada pelos EUA" transformou o país num deserto ("Wasteland").

O estudo fala do Iraque e quase três décadas em que a intervenção dos EUA trouxe ao país "guerra e deslocação ininterruptas" ao Iraque. O mês de Agosto de 2014 deve ter sido particularmente o pior mês. A luta dos EUA contra a SI -  produziu 450.000 refugiados. 

No estudo aprendemos que a Líbia "acolheu" africanos vindo do sul como trabalhadores. No tempo de Gaddafi a Líbia foi o país mais próspero de África na altura, com um sistema social e cuidados médicos exemplares que necessitavam de trabalhadores. Após a queda de Gadafi, foram expostos à "crescente violência, racismo e expulsão", diz o estudo.

O estudo também trata de outros países, por exemplo, Síria, Paquistão, Somália e Filipinas, onde os EUA também estão envolvidos em operações militares. 

Sob o título "Comparações Históricas", os fluxos de refugiados do passado são listados e pode-se ver que mesmo em guerras tão cruéis como a Primeira Guerra Mundial (cerca de 10 milhões de refugiados) ou a Guerra do Vietname (13 milhões de refugiados), não houve nada que possa ser comparado com as operações militares dos EUA desde 2001.